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Turismo e Desenvolvimento sutentável


De acordo com o dicionário de língua portuguesa Priberam, a palavra desenvolvimento reflete o conceito de: ato ou efeito de desenvolver; aumento, progresso; explanação, incremento. Buscando o significado da palavra sustentável, que diz, segundo Priberam: que se pode sustentar; que se pode defender; que tem condições para se manter ou conservar.

Já a atividade turística, ou turismo, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), é um importante gerador de divisas para a economia mundial e nacional, coloca milhares de pessoas em movimento. Portanto, é fundamental compreender o impacto das ações do setor na vida de diversos públicos, entre eles crianças e adolescentes.

Os preceitos do turismo atrelado ao desenvolvimento sustentável reflete sobre o mundo que será deixado às gerações futuras, pois, como o próprio significado da palavra desenvolvimento diz, resume-se então, este conceito voltado a garantir, no presente, o bem-estar de todos.

A palavra desenvolvimento já fora confundido com crescimento, e foi este mal-entendido que fez com que se publicasse proclamando o brado do desenvolvimento sustentável. Deve-se saber que desenvolvimento deve ser sustentável para que possa ser classificado como desenvolvimento, do contrário será crescimento a curto prazo.

Para o turismo ser implementado no plano desenvolvimento de um país, região, estado, ou município, deve ser organizado e desenvolvido de acordo com estratégias construídas sobre fundações sólidas, tais fundações são todos os setores relacionados ao turismo, e a oferta e demanda para o produto turístico.

Nota-se que o estabelecimento de padrões sustentáveis de desenvolvimento vem merecendo, nos últimos anos, a atenção de todos os setores, não só pertencentes ao turismo, mas como da sociedade. A contribuição que o setor de turismo pode aportar a este esforço é de grande relevância, de acordo com estudos e pesquisas realizadas, em vista do volume de pessoas que mobiliza, dos contatos que promove entre realidades e costumes, que podem contribuir para uma “cultura da paz”, dos empregos que pode gerar e, ainda, porque sua “matéria prima” é constituída dos recursos ambientais e culturais das comunidades onde se estabelece.

Sintetizando, na sua essência, o conceito de desenvolvimento sustentável promove:

-  a ampliação da visão de desenvolvimento: quando o define como mais do que o crescimento econômico;

-  a permanência do desenvolvimento: quando insere a preocupação com as futuras gerações;

-  a extensão do desenvolvimento: quando o apresenta como necessário em todos os países (implicações planetárias do desenvolvimento);
-  um processo de mudança para o desenvolvimento: quando indica a necessidade de reorientação de uso dos recursos naturais, da tecnologia, dos investimentos, das leis e das instituições, e a adoção de novos valores pela sociedade.

Por ser o turismo fortemente dependente da preservação do ambiente físico e patrimônio cultural, deve tratar estes recursos não apenas como sua matéria prima, mas encará-los sob a ótica de que constituem patrimônio comum da humanidade. Para isso, é preciso pensar na construção de uma nova ética para o turismo, apoiada no conceito de sustentabilidade, duas questões surgem como de especial relevância no momento atual, a primeira refere-se ao crescente interesse pelo turismo em regiões privilegiadas do ponto de vista do seu patrimônio natural e cultural, mas pobres, economicamente, o que requer cuidado especial no desenvolvimento da atividade turística, de modo a que ela não contribua para a exclusão social, degradação ambiental e descaracterização da cultura local, como também os novos padrões de consumo.

Podemos dizer, sem exagero, que a ética constitui o núcleo da preocupação com a sustentabilidade. O relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum) afirma que o desenvolvimento sustentável e o próprio bem-estar da humanidade, dependem da possibilidade de alcançar uma ética global. Tecendo considerações sobre o tema, Irving, M. (2002) afirma que sua discussão, no que concerne ao turismo, deve considerar alguns tópicos essenciais como:
  
-  o compromisso com a irreversibilidade do processo de transformação do turismo, o que remete à responsabilidade de todos os atores envolvidos no desenvolvimento ou fortalecimento de um destino turístico;

Desafios a serem vencidos:

- A construção de padrões sustentáveis para a atividade turística deverá enfrentar ainda muitos desafios. Para superá-los será necessário não abrir mão da definição de políticas firmes e de um planejamento abrangente, e de longo prazo. 

O aumento esperado do volume de turistas, com uma distribuição cada vez mais dispersa ao redor do mundo, a mudança no perfil do turismo, com maior segmentação, e o desenvolvimento de novas formas associadas à natureza e à cultura, assim como um comportamento mais seletivo, e exigente, por parte dos turistas, exigirão medidas rigorosas que garantam o desenvolvimento sustentável da atividade turística.
                                                            
A Organização Mundial do Turismo (OMT) reconhece que muitos progressos já foram alcançados desde que a questão da sustentabilidade tocou o setor. Ela aponta uma sensibilização crescente dos principais atores envolvidos, que se expressa, principalmente, em iniciativas do setor público e no avanço de tecnologias para amenizar os impactos negativos provocados pelo turismo, sem esquecer algumas providências da  iniciativa privada. No entanto, relata que alguns fatores permanecem restringindo o processo de implementação de políticas e ações para o desenvolvimento turístico sustentável.

Enfim, no Brasil, podemos observar a presença de muitos dos fatores elencados pela OMT: a escassa integração das políticas públicas de turismo com as demais políticas de governo, a insuficiência de recursos destinados aos órgãos públicos de administração do turismo, assim como a falta de recursos públicos para obras de infra-estrutura básica e para fiscalização das atividades turísticas, que somados à carência de dados para a construção de indicadores de sustentabilidade, são os que mais se destacam dentro do setor público. No setor privado falta ainda maior engajamento e investimentos para uma gestão socioambiental responsável; a fragmentação em pequenas e micro empresas pode também ser apontada como outro fator negativo para a difusão mais intensa de práticas sustentáveis. Entretanto, não se pode, hoje, pensar estrategicamente uma empresa ou definir políticas públicas ignorando o paradigma da sustentabilidade. Ao conceito de desenvolvimento sustentável poderíamos aplicar muito bem a frase de Victor Hugo: “nada neste mundo é tão poderoso quanto a ideia cujo tempo chegou”.
           
Referencial:

http://200.189.169.141/site/arquivos/dados_fatos/observatorio/TurismoeDesenvolvimentoSustentavel-referenciasereflexoes.pdf


GRÜN, Mauro. Ética e Educação Ambiental: A conexão necessária. Campinas, SP, Papirus, 1996.

IRVING, Marta de Azevedo, AZEVEDO, Julia. Turismo: O Desafio da Sustentabilidade, São Paulo: Futura, 2002.

RUSCHMANN, Doris. Turismo no Brasil: Análise e tendências. Barueri, SP, Manole, 2002.

SWARBROOKE, John.  Turismo  Sustentável: conceitos e impacto ambiental, vol. 1. São Paulo: Aleph, 1997 (Série Turismo).

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