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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Wislawa Szymborska

Sob uma estrela pequenina Me desculpe o acaso por chamá-lo necessidade. Me desculpe a necessidade se ainda assim me engano. Que a felicidade não se ofenda por tomá-la como minha. Que os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória. Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo. Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro. Me perdoem, guerras distantes, por trazer flores para casa. Me perdoem, feridas abertas, por espetar o dedo. Me desculpem os que clamam das profundezas pelo disco de minuetos. Me desculpem a gente nas estações pelo sono das cinco da manhã. Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio. Sinto muito, desertos, se não lhes levo uma colher de água. E você, falcão, há anos o mesmo, na mesma gaiola, fitando sem movimento sempre o mesmo ponto, me absolva, mesmo se você for um pássaro empalhado. Me desculpe a árvore cortada pelas quatro pernas da mesa. Me des